sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Ruiguara

olha só como ta ficando o instrumental do Ruiguara...

No pico do Jaraguá


"O índio na tribo dançou
Mas nada adiantou
A gota que caiu foi lágrima no chão que secou

A tristeza alagou o rio, a pinguela que restou
O povo aqui embaixo não se comoveu com a notícia do povo
Que lá em cima sofreu"

Bons dias, boas tardes, boas noites

No Jaraguá as coisas andam mais como tem andado do que como deveriam andar, cabe a nós chegar lá e soltar a voz, quem sabe agente não acorda as entidades e elas decidem se mover a nosso favor...

Domingo esse, que será dia 31 de agosto, a quadra da Escola de Samba do Valença vai receber algumas atrações em prol da demarcação das terras indígenas do Jaraguá, entre elas o Encanta Realejo que vai mostrar um pouquinho do que agente tem trabalhado nos últimos meses, uma mistura maluca de Poesia, Dança, Teatro e, é claro, Música.

A Escola de Samba do Valença fica embaixo do Viaduto, centro de Perus, próximo a estação de trem e perto do CEU-Perus, Rua Bernardo José de Lorena, s/n.

A brincadeira começa lá pelas 14:00 hs com o Coral Infantil Indígena, depois nós entramos, umas 15:30 e a coisa toda continua até as hora...
Não se paga nada para entrar, mas não se entra sem um quilo de alimento não perecível, que é para dar uma força pro pessoal da aldeia que foi castigada pelo fogo há algumas semanas.

Noss flaiers anexados tem mais detalhes, qualquer dúvida é só entrar em contato

Beijos e Abraços

O ENCANTA REALEJO

Por Alessandraaa - Ruiguara

Lembra que eu tive aquele sonho que eu estava na areia e ia começar um temporal e eu estava muito cança, queria dormir. Quando uma menina se deitou ao meu lado e falou: pode dormir que não vai chover em nós. E começou um temporal e um ser girava em cima de nós como que se tomasse todas as gotas d'água caídas do céu.

Então, tive a idéia do Teotonio libertar o passarinho e assim todos os beija-flores da nota de 1 real seria libertados e faria um espiral em cima de Teotonio. Este espiral iria transportar a Alice que estava na Lua.

Gostaria que vc escrevesse a letra do Rui guara, pode até ser com o Zé. Estava pensando nesse simbolismo:
Os pássaros saem da nota e o dinheiro perde o seu valor. Ela só tem valor porque o homem prende os animais nas notas e acabam nos prendendo a ele pelo nosso instinto animal, pois precisamos de comida para sobreviver e na cidade tem que ter din din pra come.
Estava vendo um documentario dos indios e o indio cinematografico acabava de chegar na aldeia. Ele dizia o que tinha achado da cidade: lá precisa de dinheiro pra fazer qualquer coisa, pra comer...não é igual aqui que a gente pesca, come todos juntos. Sentiu saudade das mulheres tb.
Isso tb é uma vontade do instinto animal.

Quero dizer que a gente vive preso ao dinheiro pelo nosso instinto animal, por isso o homem vive preso, assim como os animais que estão nas notas, no zoológico.
Lembra da sensação que vc teve quando entrou naquela "ONG" em Itaunas. Eu estava impresionada de ver águia gigante de 2m, o carcara, mas o que o homem faz ali é foda e vc sentiu! Eu só fui entender depois. Mas ele compra pintinhos congelados que vem cheio de hormonios, captura passaros sagrados e os viciam com a comida q ele dá todos os dias. Por isso que o gavião que ele leva para passear não foge, pois está viciado nos pintinhos!
Eu tenho que te mostrar o filme A carne é fraca. É foda!!!

Segue aqui a tradução da letra do índios que eu te mostrei:

"Nosso Pai Supremo
Nossa Mãe Suprema
Em sua morada celeste

Quando elevamos o nosso olhar
Vamos à Casa Sagrada
Fortalecer o nosso corpo

Caminharemos pelo Caminho Sagrado
Atravessaremos o oceano
Alcançaremos a Terra Iluminada"


Você é minha irmã de alma!!!
Sempre agradeço por ter cruzado o seu caminho!!!

Obrigada!!!!!!!!!!!!!!!

Alê

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Despetalar

Olá, tudo bem?
Não sei se vc lembra de mim, mas assisti sua banda no festival MOSCA e nos encontramos no Bar do Binho... eu sou Flávia Belletati e faço ciências sociais na USP. Eu acabei me envolvendo numa pesquisa sobre os grupos que promovem arte na periferia, em especial os coletivos que fazem filmes e exibições, como o NCA, o CineBecos, e o Peu e o Davi do Panorama Arte na Periferia... Bem, acontece que eu me apaixonei pela banda e mostrei algumas músicas pra minha professora Rose Satiko que ministra antropologia na USP e é especializada em antropologia visual. Já há alguns anos esta minha professora realiza uma pesquisa e um documentário sobre esses coletivos independentes e o filme dela está na fase final. Acabou que ela teve grande interesse de colocar músicas feitas por pessoas da periferia e ela gostou particularmente da música Despetalar e achou que casava bem com umas imagens de uma exibição do NCA na Vila Natal. Por isso envio este email, a minha professora gostaria que vocês por favor a autorizassem a utilizar a música Despetalar do Encanta Realejo, na trilha do filme, cujo nome é, provisoriamente, "Cinema de Quebrada". O filme já foi visto pelo Peu e Davi e pelo pessoal do nca. Uma cópia do filme está com o Rogerio Pixote do cinebecos e pretende-se disponibilizar uma cópia para a Videoteca Popular que fica no CEDECA Interlagos. A minha professora está, no momento, no Japão, mas ela pode ligar pra vc na sexta-feira, dia 29, quando ela retorna. Se vocês autorizarem a utilização da música, por favor retorne o email o mais rápido possível nos explicando como vocês gostariam que déssemos o crédito no filme, confirmar o nome da música, se é Despetalar mesmo, e o da banda, se é Encanta Realejo, para não cometermos algum engano. O filme é uma produção da USP, mas infelizmente não temos mais verba para pagar direitos, mas podemos ate tentar alguma coisa se for o caso. Quem sabe gravações, cópias, mas não posso afirmar nada com certeza... se puder, pode retornar o email ou me telefonar...
Um abraço,
Flávia Fernandes Belletati

Palheta de cores definitiva


Ok, se é assim, aqui está a derradeira gama de cores do noso projetão...

A Alice agora é verdinha e o avô amarelo!Alguma coisa a mais pra mudar? Ou só o desenho das cartas mesmo? (o passaro sai e entra o avo, a alice era amarela e vira verde, e o avo que entrou vai ser amarelo...


Droga!)


BjosBandana

Brunão - Nova Palheta de coresss


Fala povo.

Esqueci de fazer a nova palheta de cores...

Ta na mão.

O possitivo de ter mandado o passaro pro final é que aliviou legal o degradede amarelos, que tavam bem proximos um do outro. Agora a Alice é amarelopuro, o bebado laranja e o Diabo vermelho 100%.A lavadeira vai pro magenta (meio vermelho meio rosa, tipo beterraba) e opassaro cai no roxo mesmo, pra manter o narrador no Azul e o cenário daquelejeito mesmo...

Se cuidem

Bjos

Sobre o AUTO

Gente, madei o AUTO pra Fabi pra ela dar algumas opiniões para melhorá-lo, vejam ai...

Valeu Fabi...
Bjinsss...

"Olá,

bom não entendi se você quer opiniões sobre a idéia ou sobre o texto, isto é, se o texto será publicado ou algo do gênero.

Fiz uma leitura crítica, que talvez fique confusa por isso. Uma coisa é focar no texto outra é ler o Auto como uma espécie de roteiro ( neste caso haveria poucas coisas para mudar).

Então os apontamentos que fiz vão nas duas direções, mas depois de esclarecido isso posso fazer um trabalho melhor.

Me parece que o auto está estruturado para ser encenado, ou melhor, filmado. Achei-o bem cinematográfico...com a mescla dos planos temporais e espaciais.

Se for para ser lido, um texto, há algumas coisas que precisam ser desenvolvidas. De um ato para o outro há um vão na história. São como cenas, enquetes de uma história que devemos construir?

Como um todo gostei, achei interessante e poético. Alice me lembra um herói épico, como Ulisses , também alguns trechos de conto de fadas etal. O processo de busca dela é um processo de amadurecimento, de crescimento tanto para a vida - vendas são rasgadas, as pessoas não são tão boas assim, há tristeza, injustiça..- ,coisas que talvez naquela cidade pequena ao lado da proteção do avó ela não percebesse...não soubesse. Também penso num amadurecimento para o amor, o que será que motiva a jornada dela...me soa uma paixão – correspondida- entre ela e Teotônio.
A travessia é importante. E o percursso mostra isso, mas acho que o final lembra muito o começo, a coisa perfeita...ela teve mudanças, certo? Talvez o final possa ser feliz, mas uma felicidade diferente...não tão igênua e mágica. Afinal ela cresceu internamente...lutou por algo.
E esse narrador? Ficar atenta a ele.... "




Têm maisssssssssssss...


O AUTO DO REALEJO ENCANTADO
I ATO

Praça com personagens da estória em atividades corriqueiras. Ao fundo, pelas janelas, O Avô desenha.TEOTÔNIO toca seu realejo.Seus olhos procuram uma pessoa cheia de sorte para ele tirar [tirar? Mesmo com a alusão feita acima – do realejo- é bom deixar mais claro...tirar a sorte ou o papelzinho (bilhete) da sorte?], mas sua mente divaga por memórias de um tempo muito mais feliz.Teotônio fora um artista de circo, que vivia para alegrar as pessoas.Um dia, porém, as risadas deram lugar a gritos de socorro; o fogo veio, destruiu o circo e o pouco que o pobre palhaço possuía.Amargurado, Teotônio decidiu então tomar de volta toda a alegria [pode escolher outro adjetivo pra não ficar repetindo a palavra “alegria” sempre...já foi usada, ou substituir por outra no momento anterior: “que vivia para fazer bem às pessoas, fazer as pessoas sorrirem] que havia dado aos outros, e para isso capturou uma ave encantada capaz de roubar a sorte dos outros e a aprisionou dentro de um realejo.[Ok. Mas só um adendo..a sorte não é a única coisa capaz de dar alegria, certo?]Desde então, ele vaga pelo mundo tirando a sorte de quem lhe der duas moedas em troca de um bilhete da fortuna. [ a palavra sorte também aparece muitas vezes num curto espaço de tempo, o trabalho formal de um texto consiste em olhar detidamente para cada palavra procurando sinônimos e tal. Assim o texto fica mais rico, com mais imagens).Assim Teotônio viajou muito, até que um dia chegou a uma praça e viu uma menina muito especial. Pensando em roubar sua sorte, o realejeiro envia seu pássaro até ela. ALICE dormia na relva quando o PASSARIN a despertou e ambos foram ao realejeiro. Curiosa, Alice indaga a Teotônio sobre a origem daqueles bilhetinhos todos que o realejo carrega. O papo cria pernas e os dois passam muito tempo juntos conversando e brincando.Chegada a manhã, Teotônio decide que é hora de tirar a sorte da mocinha, mas o Passarin intervém e o bilhete se rasga, ficando uma metade com Alice e outra no bico da ave.A voz do Avô desperta Alice, que se vê outra vez na grama da praça.Entristecida, Alice volta para casa e se põe a pensar:“terá sido um sonho?”O bilhete da sorte rasgado em seu bolso dizia que não.( gostei bastante da idéia, fica então implícito que Teotônio é um andarillho, viajante sem rumo e Alice mora nesta cidade. O que será que ela tem de especial? O que Teôtonio vê ou sente que lhe chama a atenção? Você poderia descrever mais...assim não ficaria somente o narrador afirmando “viu uma menina especial”. A sacada com a idéia de tirar a sorte, ambigüa, é ótima, mas deve ficar mais clara ( sem precisar explicar), acredito que no começo é um bom momento pra isso, naquela hora do “tirar”) II ATORestaurante decadente de beira-de-estrada, vulgo taberna.Teotônio vai mal, toda a sorte que ele havia roubado das pessoas se perdera no instante em que o bilhete de Alice se rompeu, além disso lhe acompanhava uma estranha saudade dela.Ele acaba arranjando confusão com um SUJEITO MISTERIOSO e toma uma sova. Finalmente expulso do bar, todo destrambelhado e arrastando seu realejo, ele toma uma decisão:“Vou encontrar Alice, nem que tenha que descer ao mundo dos mortos!”No sertão árido, Alice está sentada em uma pedra, contemplando a encruzilhada à sua frente sem saber para onde ir.( ela tembém resolveu ir embora da cidade? Por que? Explicitar?)O som de uma viola vem lhe acariciar os ouvidos, vindo não se sabe da onde. Encantada com aquele som que diminui a sua angústia, ela nem se dá conta do VIOLEIRO que vem se aproximando.( é o violeiro que está tocando?! Se sim e se ela está encantada pelo som não é difícil que não perceba ele?)Eles começam a conversar e o Violeiro lhe conta muitas estórias; vendo que ele é um homem muito sabido, Alice pergunta que caminho deve tomar.Ele só consente em responder se ela lhe dê algo em troca.Alice se desculpa dizendo:“A única coisa que tenho é esse bilhetinho da sorte, mas isso eu não posso te dar.”O Violeiro, muito esperto, retruca:“Não tem problema, como gostei de você vou fazer uma concessão: indico o caminho certo e você me dá só a sua alma, feito?”“Feito”Os dois adormecem e quando Alice acorda, nota que o violeiro se foi, porem deixou a viola como um presente para ela.Alice caminha por vários dias, e vê muitas coisas até que chega a uma floresta enorme, onde encontra um rio que ela não consegue atravessar.(por que ela que atravessá-lo? Ela poderia simplesmente mudar a rota. É necessário explicitar).Uma mulher cavalgando uma canoa se aproxima. É a JANGADEIRA que explica que aquele rio se chama Aqueronte e que pode lhe dar carona se ela lhe der algo em troca.Alice se desculpa dizendo:“A única coisa que tenho são essas moedas e meu bilhetinho da sorte, mas isso eu não posso te dar.”(muito legal essa estrutura de repetir um refrão)A Jangadeira aceita as moedas e as duas seguem rio abaixo, quando de repente a água do rio se torna vermelha e agitada, tingida pelo sangue dos animais que os homens assassinam nos matadouros, ali próximos. (se Alice tinha moedas por que ela não deu ao violeiro? Pois ela não sabia que iria precisar de novo, certo?)Depois de muito lutar contra as correntezas, a jangada segue seu rumo.III ATOO mundo dos espíritos.Alice está assustada e tristonha com as coisas que viu ao longo da viagem e na descida do rio Aqueronte, na companhia da misteriosa Jangadeira.Entre as lágrimas que embaçam sua vista, Alice consegue distinguir a silhueta de uma mulher que lava roupa suja na margem do rio, pouco adiante.Jangada e Jangadeira deixam Alice em terra e seguem seu caminho enquanto a menina vai à LAVADEIRA e pergunta a ela qual o destino final de sua jornada.(até agora, nós leitores não sabemos bem o por quê de alice ter iniciado essa jornada...quem disse que iria procurá-la era o Teotônio, certo?)A sábia mulher retruca dizendo que só dirá se Alice lhe der algo em troca.“A única coisa que tenho é esse bilhetinho da sorte e isso eu não posso te dar, mas posso cantar uma canção pra você.”A Lavadeira aceita o trato e Alice se põe a cantar uma melodia.Aos poucos a Lavadeira se deixa levar bela beleza daquela música e junta sua voz à da menina.A canção ecoa pelas planícies e montes, trazendo conforto e tranqüilidade ao coração de Alice e de todos aqueles que podem ouví-la.Até as nuvens do céu se aproximam para escutar melhor e contribuem com raios e trovões à cantoria.(interessante....normalmente os raios e trovões estão assiciados a coisas ruins...)Mais além, na margem oposta daquele mesmo rio, Teotônio se prostra exausto na areia e vê a forte tempestade que se anuncia no céu. Cansado demais para procurar abrigo, ele espera a chegada da chuva resignado quando percebe um ANJO que se aproxima dele trazendo consolo e palavras reconfortantes.O dois adormecem e sonham na areia, protegidos da tempestade por uma brisa mágica que paira sobre eles aparando as gotas da chuva.(plano temporal anterior ao canto de Alice)Ao acordar de um longo sono que pareceu durar séculos, Teotônio se vê ainda na areia, mas na outra margem do rio Aqueronte, e de lá consegue escutar a voz e o canto de Alice, que atrai todos os seres da floresta com sua melodia.O Realejeiro segue aquele som e se depara com uma grande festa, onde todos comemoram a chegada da chuva que apagou o incêndio nas matas, limpou a água do rio e a alma dos homens (ok! Mas vc não havia mencionado estes males antes...somente o lance do sangue no rio, talves naquele momento a jangadeira possa ter uma conversa com Alice sobre a face negra e cruel da humanidade).Todos os habitantes da selva cantam e dançam, convidando Teotônio para se unir à celebração. Ele então tenta tocar seu realejo, mas o PASSARIN, triste por viver sempre preso, já não pode mais cantar.Percebendo isso Teotônio escancara a gaiola e une sua voz à do pássaro, que agora entoa sua cantiga como nunca ( de quem é a cantida? De teotônio ou do passarin?).Depois de muito celebrarem com os seres da floresta, Teotônio, Alice e a Lavadeira assistem à alvorada de um novo dia.De tanto contentamento por reencontrar Teotônio, Alice se esquecera de cobrar da Lavadeira sua promessa de contar aonde terminaria seu caminho, mas a velha sábia manteve sua palavra e abriu um largo sorriso dizendo:“Não importa para onde você está indo, pois todos vão ao mesmo lugar. Um lugar aonde só as virtudes mais preciosas tem valor verdadeiro. O mais importante não é o destino, mas a maneira pela qual você percorre sua travessia.”

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

O AUTO DO REALEJO ENCANTADO

Gente a histórinha parece que está terminadaaaa...
Valeu Teloniusssss


I ATO
Praça no centro da cidade, o povo passa e se apressa a passo de formiga. Ao fundo, pelas janelas, O PINTOR apronta tela e tintas enquanto caça com os olhos qualquer coisa que merecesse ser pintada.
Sua vista aponta para a moça que desponta, LAVADEIRA atarefada e indiferente ao mendigo que lhe oferece um sorriso todo meio sem dente.
É um SENHOR que mora lá na Lua, mas tava de passagem pela praça, cuidando de seus negócios de vento e catavento.
Mais prá adiante um RETIRANTE dedilha uma tristeza na viola, chapéu na cara e um sorriso rabiscado no queixo.
Logo ao lado, um VELHINHO cola cartazes com todo cuidado assobiando uma canção alegre. Vez ou outra estende a voz até a NETA que saltita em seu redor, distraída a pisar em folhas secas.
Outro assobio complementa a sinfonia. É um ENCANTA-REALEJO, uma dessas aves mágicas que tem o poder de mudar a sorte das pessoas. Contudo aquele passarinho era obrigado a roubar a sorte de todos, vítima de um encantamento que o aprisionou.
Seu senhor era TEOTÔNIO um realejeiro que tirava a sorte dos outros para si com os bilhetinhos de seu realejo.
Enquanto seus olhos procuravam na praça uma pessoa cheia de sorte para ele tirar, sua mente divagava por memórias de um tempo muito mais feliz.
O PINTOR abre um sorriso.
TEOTÔNIO fora um artista de circo, que vivia para alegrar as pessoas.
Era palhaço, um grande equilibrista e havia aprendido as artes circenses com um atirador de facas que lhe adotou como assistente depois que sua mulher ficou grávida e não podia mais lhe ajudar.
No devido tempo, veio ao mundo uma linda menina que ganhou o nome de Alice.
E assim os quatro viveram dias felizes como uma família naquele circo viajante.
Um dia, porém, as risadas deram lugar a gritos de socorro; o fogo veio e de uma só vez destruiu o circo e o pouco que o pobre palhaço possuía.
Amargurado, TEOTÔNIO decidiu então tomar de volta toda a alegria que havia dado aos outros, e para isso capturou o ENCANTA-REALEJO que pertencia ao seu mestre atirador de facas e o aprisionou dentro do realejo.
Desde então, ele vaga pelo mundo tirando a sorte de quem lhe der duas moedas em troca de um bilhete da fortuna.
Assim TEOTÔNIO viajou muito, até que um dia chegou a uma praça e reparou em uma menina muito especial que por ali passava. Pensando em roubar sua sorte, o realejeiro manda o ENCANTA-REALEJO até ela.
ALICE cantarolava em seu quarto quando o pássaro pousa na janela fazendo um convite. Curiosa, ALICE segue o ENCANTA-REALEJO até TEOTÔNIO e pede que ele tire a sua sorte. No momento exato em que a menina ia pegar seu bilhete, o pássaro segura o papel no bico e o bilhete se rasga, ficando uma metade com Alice e outra no bico da ave.
TEOTÔNIO fica intrigado com isso e resolve perguntar para ALICE qual o seu nome. Os dois começam a conversar, o papo cria pernas e os dois passam muito tempo juntos falando e brincando. A noite vem vindo, mas de tão distraída ALICE não ouve a voz de seu Avô chamando e acaba adormecendo na relva da praça.
No outro dia, ela acorda na grama sozinha e se entristece em ver que TEOTÔNIO havia partido, Ela volta para casa e se põe a pensar:
“terá sido um sonho?”
O bilhete da sorte rasgado em seu bolso dizia que não.
II ATO
Restaurante decadente do Centrão, vulgo taberna.
TEOTÔNIO vai mal, toda a sorte que ele havia roubado das pessoas se perdera no instante em que o bilhete de ALICE se rompeu; além disso lhe acompanhava uma estranha saudade dela.
Desconhecido e sem conhecidos na cidade, ele vai afogar suas mágoas em um boteco se perguntando se deveria ou não voltar para vê-la.
Lá para as três e tantas da madrugada ele se vê conversando com o mendigo LUNÁTICO que não se conforma com a situação e fala um punhado de verdades para TEOTÔNIO. Embriagado e confuso, o realejeiro se descontrola e entra em luta corporal com o LUNÁTICO, mas acaba estatelado no chão com a cabeça latejando e o teto dando piruetas na sua cara.
Finalmente expulso do bar, todo destrambelhado e arrastando seu realejo, ele toma uma decisão:
“Vou encontrar Alice, nem que tenha que descer ao mundo dos mortos!”
(treta ALICE e AVÔ, ela decide encontrar TEOTÔNIO)
No sertão árido, Alice está sentada em uma pedra, contemplando a encruzilhada à sua frente sem saber para onde ir.
O som de uma viola vem lhe acariciar os ouvidos, vindo não se sabe da onde. Encantada com aquele som que diminui a sua angústia, ela nem se dá conta do VIOLEIRO que vem se aproximando.
Eles começam a conversar e o Violeiro lhe conta muitas estórias; vendo que ele é um homem muito sabido, Alice pergunta que caminho deve tomar.
Ele só consente em, responder caso ela lhe dê algo em troca.
Alice se desculpa dizendo:
“A única coisa que tenho é esse bilhetinho da sorte, mas isso eu não posso te dar.”
O Violeiro, muito esperto, retruca:
“Não tem problema, como gostei de você vou fazer uma concessão. Te indico o caminho certo e você me dá só a sua alma, feito?”
“Feito”
Os dois adormecem e quando Alice acorda, nota que o violeiro se foi, mas deixou a viola como um presente para ela.
Alice caminha por vários dias, e vê muitas coisas até que chega a uma floresta enorme, onde encontra um rio que ela não consegue atravessar.
Uma mulher cavalgando uma canoa se aproxima. É a JANGADEIRA que explica que aquele rio se chama Aqueronte e que pode lhe dar carona se ela lhe der algo em troca.
Alice se desculpa dizendo:
“A única coisa que tenho são essas moedas e meu bilhetinho da sorte, mas isso eu não posso te dar.”
A Jangadeira aceita as moedas e as duas seguem rio abaixo, quando de repente a água do rio se torna vermelha e agitada, tingida pelo sangue dos animais que os homens assassinam nos matadouros.
Depois de muito lutar contra as correntezas, a jangada segue seu rumo.
III ATO
O mundo dos espíritos.
Alice está assustada e tristonha com as coisas que viu ao longo da viagem e na descida do rio Aqueronte, na companhia da misteriosa Jangadeira.
Entre as lágrimas que embaçam sua vista, Alice consegue distinguir a silhueta de uma mulher que lava roupa suja na margem do rio, pouco adiante.
Jangada e Jangadeira deixam Alice em terra e seguem seu caminho enquanto a menina vai à LAVADEIRA e pergunta a ela qual o destino final de sua jornada.
A sábia mulher retruca dizendo que só dirá se Alice lhe der algo em troca.
“A única coisa que tenho é esse bilhetinho da sorte e isso eu não posso te dar, mas posso cantar uma canção prá você.”
A Lavadeira aceita o trato e Alice se põe a cantar uma melodia.
Aos poucos a Lavadeira se deixa levar bela beleza daquela música e junta sua voz à da menina.
A canção ecoa pelas planícies e montes, trazendo conforto e tranqüilidade ao coração de Alice e de todos aqueles que podem ouví-la.
Até as nuvens do céu se aproximam para escutar melhor e contribuem com raios e trovões à cantoria.
Mais além, na margem oposta daquele mesmo rio, Teotônio se prostra exausto na areia e vê a forte tempestade que se anuncia no céu. Cansado demais para procurar abrigo, ele espera a chegada da chuva resignado quando percebe um ANJO que se aproxima dele trazendo consolo e palavras reconfortantes.
O dois adormecem e sonham na areia, protegidos da tempestade por uma brisa mágica que paira sobre eles aparando as gotas da chuva.
Ao acordar de um longo sono que pareceu durar séculos, Teotônio se vê ainda na areia, mas na outra margem do rio Aqueronte, e de lá consegue escutar a voz e o canto de Alice, que atrai todos os seres da floresta com sua melodia.
O Realejeiro segue aquele som e se depara com uma grande festa, onde todos comemoram a chegada da chuva que apagou o incêndio nas matas, limpou a água do rio e a alma dos homens.
Todos os habitantes da selva cantam e dançam, convidando Teotônio para se unir à celebração. Ele então tenta tocar seu realejo, mas o PASSARIN, triste por viver sempre preso, já não pode mais cantar.
Percebendo isso Teotônio escancara a gaiola e une sua voz à do pássaro, que agora entoa sua cantiga como nunca.
Depois de muito celebrarem com os seres da floresta, Teotônio, Alice e a Lavadeira assistem à alvorada de um novo dia.
De tanto contentamento por reencontrar Teotônio, Alice se esquecera de cobrar da Lavadeira sua promessa de contar aonde terminaria seu caminho, mas a velha sábia manteve sua palavra e abriu um largo sorriso dizendo:
“Não importa para onde você está indo, pois todos vão ao mesmo lugar. Um lugar aonde só as virtudes mais preciosas tem valor verdadeiro. O mais importante não é o destino, mas a maneira pela qual você percorre sua travessia.”
O AUTO DO REALEJO ENCANTADO
I ATO
Praça no centro da cidade, o povo passa e se apressa a passo de formiga. Ao fundo, pelas janelas, O PINTOR apronta tela e tintas enquanto caça com os olhos qualquer coisa que merecesse ser pintada.
Sua vista aponta para a moça que desponta, LAVADEIRA atarefada e indiferente ao mendigo que lhe oferece um sorriso todo meio sem dente.
É um SENHOR que mora lá na Lua, mas tava de passagem pela praça, cuidando de seus negócios de vento e catavento.
Mais prá adiante um RETIRANTE dedilha uma tristeza na viola, chapéu na cara e um sorriso rabiscado no queixo.
Logo ao lado, um VELHINHO cola cartazes com todo cuidado assobiando uma canção alegre. Vez ou outra estende a voz até a NETA que saltita em seu redor, distraída a pisar em folhas secas.
Outro assobio complementa a sinfonia. É um ENCANTA-REALEJO, uma dessas aves mágicas que tem o poder de mudar a sorte das pessoas. Contudo aquele passarinho era obrigado a roubar a sorte de todos, vítima de um encantamento que o aprisionou.
Seu senhor era TEOTÔNIO um realejeiro que tirava a sorte dos outros para si com os bilhetinhos de seu realejo.
Enquanto seus olhos procuravam na praça uma pessoa cheia de sorte para ele tirar, sua mente divagava por memórias de um tempo muito mais feliz.
O PINTOR abre um sorriso.
TEOTÔNIO fora um artista de circo, que vivia para alegrar as pessoas.
Era palhaço, um grande equilibrista e havia aprendido as artes circenses com um atirador de facas que lhe adotou como assistente depois que sua mulher ficou grávida e não podia mais lhe ajudar.
No devido tempo, veio ao mundo uma linda menina que ganhou o nome de Alice.
E assim os quatro viveram dias felizes como uma família naquele circo viajante.
Um dia, porém, as risadas deram lugar a gritos de socorro; o fogo veio e de uma só vez destruiu o circo e o pouco que o pobre palhaço possuía.
Amargurado, TEOTÔNIO decidiu então tomar de volta toda a alegria que havia dado aos outros, e para isso capturou o ENCANTA-REALEJO que pertencia ao seu mestre atirador de facas e o aprisionou dentro do realejo.
Desde então, ele vaga pelo mundo tirando a sorte de quem lhe der duas moedas em troca de um bilhete da fortuna.
Assim TEOTÔNIO viajou muito, até que um dia chegou a uma praça e reparou em uma menina muito especial que por ali passava. Pensando em roubar sua sorte, o realejeiro manda o ENCANTA-REALEJO até ela.
ALICE cantarolava em seu quarto quando o pássaro pousa na janela fazendo um convite. Curiosa, ALICE segue o ENCANTA-REALEJO até TEOTÔNIO e pede que ele tire a sua sorte. No momento exato em que a menina ia pegar seu bilhete, o pássaro segura o papel no bico e o bilhete se rasga, ficando uma metade com Alice e outra no bico da ave.
TEOTÔNIO fica intrigado com isso e resolve perguntar para ALICE qual o seu nome. Os dois começam a conversar, o papo cria pernas e os dois passam muito tempo juntos falando e brincando. A noite vem vindo, mas de tão distraída ALICE não ouve a voz de seu Avô chamando e acaba adormecendo na relva da praça.
No outro dia, ela acorda na grama sozinha e se entristece em ver que TEOTÔNIO havia partido, Ela volta para casa e se põe a pensar:
“terá sido um sonho?”
O bilhete da sorte rasgado em seu bolso dizia que não.
II ATO
Restaurante decadente do Centrão, vulgo taberna.
TEOTÔNIO vai mal, toda a sorte que ele havia roubado das pessoas se perdera no instante em que o bilhete de ALICE se rompeu; além disso lhe acompanhava uma estranha saudade dela.
Desconhecido e sem conhecidos na cidade, ele vai afogar suas mágoas em um boteco se perguntando se deveria ou não voltar para vê-la.
Lá para as três e tantas da madrugada ele se vê conversando com o mendigo LUNÁTICO que não se conforma com a situação e fala um punhado de verdades para TEOTÔNIO. Embriagado e confuso, o realejeiro se descontrola e entra em luta corporal com o LUNÁTICO, mas acaba estatelado no chão com a cabeça latejando e o teto dando piruetas na sua cara.
Finalmente expulso do bar, todo destrambelhado e arrastando seu realejo, ele toma uma decisão:
“Vou encontrar Alice, nem que tenha que descer ao mundo dos mortos!”
(treta ALICE e AVÔ, ela decide encontrar TEOTÔNIO)
No sertão árido, Alice está sentada em uma pedra, contemplando a encruzilhada à sua frente sem saber para onde ir.
O som de uma viola vem lhe acariciar os ouvidos, vindo não se sabe da onde. Encantada com aquele som que diminui a sua angústia, ela nem se dá conta do VIOLEIRO que vem se aproximando.
Eles começam a conversar e o Violeiro lhe conta muitas estórias; vendo que ele é um homem muito sabido, Alice pergunta que caminho deve tomar.
Ele só consente em, responder caso ela lhe dê algo em troca.
Alice se desculpa dizendo:
“A única coisa que tenho é esse bilhetinho da sorte, mas isso eu não posso te dar.”
O Violeiro, muito esperto, retruca:
“Não tem problema, como gostei de você vou fazer uma concessão. Te indico o caminho certo e você me dá só a sua alma, feito?”
“Feito”
Os dois adormecem e quando Alice acorda, nota que o violeiro se foi, mas deixou a viola como um presente para ela.
Alice caminha por vários dias, e vê muitas coisas até que chega a uma floresta enorme, onde encontra um rio que ela não consegue atravessar.
Uma mulher cavalgando uma canoa se aproxima. É a JANGADEIRA que explica que aquele rio se chama Aqueronte e que pode lhe dar carona se ela lhe der algo em troca.
Alice se desculpa dizendo:
“A única coisa que tenho são essas moedas e meu bilhetinho da sorte, mas isso eu não posso te dar.”
A Jangadeira aceita as moedas e as duas seguem rio abaixo, quando de repente a água do rio se torna vermelha e agitada, tingida pelo sangue dos animais que os homens assassinam nos matadouros.
Depois de muito lutar contra as correntezas, a jangada segue seu rumo.
III ATO
O mundo dos espíritos.
Alice está assustada e tristonha com as coisas que viu ao longo da viagem e na descida do rio Aqueronte, na companhia da misteriosa Jangadeira.
Entre as lágrimas que embaçam sua vista, Alice consegue distinguir a silhueta de uma mulher que lava roupa suja na margem do rio, pouco adiante.
Jangada e Jangadeira deixam Alice em terra e seguem seu caminho enquanto a menina vai à LAVADEIRA e pergunta a ela qual o destino final de sua jornada.
A sábia mulher retruca dizendo que só dirá se Alice lhe der algo em troca.
“A única coisa que tenho é esse bilhetinho da sorte e isso eu não posso te dar, mas posso cantar uma canção prá você.”
A Lavadeira aceita o trato e Alice se põe a cantar uma melodia.
Aos poucos a Lavadeira se deixa levar bela beleza daquela música e junta sua voz à da menina.
A canção ecoa pelas planícies e montes, trazendo conforto e tranqüilidade ao coração de Alice e de todos aqueles que podem ouví-la.
Até as nuvens do céu se aproximam para escutar melhor e contribuem com raios e trovões à cantoria.
Mais além, na margem oposta daquele mesmo rio, Teotônio se prostra exausto na areia e vê a forte tempestade que se anuncia no céu. Cansado demais para procurar abrigo, ele espera a chegada da chuva resignado quando percebe um ANJO que se aproxima dele trazendo consolo e palavras reconfortantes.
O dois adormecem e sonham na areia, protegidos da tempestade por uma brisa mágica que paira sobre eles aparando as gotas da chuva.
Ao acordar de um longo sono que pareceu durar séculos, Teotônio se vê ainda na areia, mas na outra margem do rio Aqueronte, e de lá consegue escutar a voz e o canto de Alice, que atrai todos os seres da floresta com sua melodia.
O Realejeiro segue aquele som e se depara com uma grande festa, onde todos comemoram a chegada da chuva que apagou o incêndio nas matas, limpou a água do rio e a alma dos homens.
Todos os habitantes da selva cantam e dançam, convidando Teotônio para se unir à celebração. Ele então tenta tocar seu realejo, mas o PASSARIN, triste por viver sempre preso, já não pode mais cantar.
Percebendo isso Teotônio escancara a gaiola e une sua voz à do pássaro, que agora entoa sua cantiga como nunca.
Depois de muito celebrarem com os seres da floresta, Teotônio, Alice e a Lavadeira assistem à alvorada de um novo dia.
De tanto contentamento por reencontrar Teotônio, Alice se esquecera de cobrar da Lavadeira sua promessa de contar aonde terminaria seu caminho, mas a velha sábia manteve sua palavra e abriu um largo sorriso dizendo:
“Não importa para onde você está indo, pois todos vão ao mesmo lugar. Um lugar aonde só as virtudes mais preciosas tem valor verdadeiro. O mais importante não é o destino, mas a maneira pela qual você percorre sua travessia.”

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Palheta de cores


Gente, olha a palheta de cores que o Brunão fez pensando nos figurinos...

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Cara do CDROM


Carta da Alice e Teotonio


Carta do Teotonio


Figurino por Liginhaaaa

Oi pessoas,
estou enviado uma proposta para o figurino do espetáculo.
A idéia é trabalhar com peças simples, funcionais e confortáveis que carreguem um pouco da identidade de cada um de vocês, não somente dos personagens que estão sendo construídos. Por isso, optei por peças bem próximas do cotidiano, como base para trabalhar com desenhos, bordados, estampas e cores. Essas interferências podem ser feitas a partir de algumas referencias que já foram citadas como: "a pedra do reino - para cores", "Arthur Bispo do Rosário- como linguagem e elementos visuais" e os "desenhos das cartas feitas pelo Yuri"- para criação de estampas e bordados".
O que estou enviando é apenas uma sugestão, mais seria bom uma breve discussão para decidirmos o quanto antes, pois os figurinos precisam ser produzidos o mais rápido possível, pra que todos possam ensaiar com os figurinos prontos antes da estréia
As peças base estão nos desenhos em anexo, junto com a paleta de cores e algumas imagens do Bispo do Rosário.
Se for preciso explico melhor, com mais detalhes depois do ensaio amanhã

Beijos e inté

Ligia





quarta-feira, 6 de agosto de 2008

A Viola

A viola, esta viola morena que sempre esteve presente na vida de nosso povo, chegou ao Brasil, no período da colonização, trazida pelos jesuítas e imigrantes portugueses e, com a miscigenação de nossa música – e nossa gente –, principalmente com os negros e os índios, ela foi adquirindo suas próprias características, até se tornar a bonita, a encantatória VIOLA BRASILEIRA.
Mas onde ela surgiu? Sua origem se perde na história. Roberto Nunes Correa, em seu livro VIOLA CAIPIRA, nos informa que “No século XV, e sobretudo no século XVI, a viola já era um instrumento largamente difundido em Portugal, sendo considerada como o principal instrumento dos jograis e cantares trovadorescos.”
E esses jograis e cantadores devem ter sido tão bons que encantavam e enfeitiçavam seus ouvintes: “É extremamente curioso, uma reclamação dos procuradores da cidade Ponte de Lima, às cortes de Lisboa de 1459, enumerando os males que, por causa da viola, se faziam sentir em todo o reino. Eles alegavam que certas pessoas se serviam da viola para, tocando e cantando, mais facilmente roubarem as casas e dormirem com as suas mulheres, filhas ou criadas que, ““ como ouvem tanger a viola, vamlhes desfechar as portas “”.
No Brasil o preconceito – ou o medo de que os violeiros lhes roubassem as mulheres? – também foi grande. Por muito tempo ela foi ligada ao diabo, o cão, o tinhoso. Aliás, foi usada até como instrumento de acusação, como nos mostra esta deliciosa história narrada por Leonardo Arroyo em seu livro A CULTURA POPULAR EM GRANDE SERTÃO: VEREDAS: “Nos últimos dois anos da gestão do Presidente Washington Luís começou este a manobrar a sucessão para seu amigo Júlio Prestes. Um anônimo de Itapetininga, terra da família Prestes, redigiu um volante, à máquina, distribuindo-o em São Paulo com data de l6/10/1928. Nele arrolava oito membros da família, com seus defeitos e vícios. O último da lista era Maneco Prestes, cujo maior defeito, entre outros dois, era este: tocador de viola.”
Mas voltemos à sua origem e evolução. Em Portugal temos, hoje, dois tipos de violas que se sobressaem. No primeiro as violas das terras ocidentais, ou sejam a Viola Braguesa ou “Minhota”; a Viola Amarantina – também chamada de “Viola de Dois Corações”- e a viola toeira de Coimbra. Mestre Aurélio define “toeira” como [De toar + -eira.] S. f.
1. Cada uma das duas cordas imediatas aos dois bordões da guitarra.
2. Bras. SP Açor. Corda de viola.
No segundo tipo temos a Viola do Leste, com a “bandurra” beiroa e a Viola Campaniça. É também mestre Aurélio quem define “bandurra” como “Espécie de guitarra de braço curto, cordas de tripa e bordões”.
No Brasil, a viola se firmou principalmente no Nordeste, com o nome de Viola Sertaneja, e na Região Centro Sul, - Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná, com o nome de Viola Caipira.
Na região Nordeste sua afinação é a “natural”, na região Centro Sul, a “Cebolão”, a “Boiadeira”, a “Rio Abaixo” e a “Guitarra”.
Instrumento menor que o violão, tem dez cordas, agrupada aos pares, e começando de baixo para cima. Os dois primeiros pares são afinados em “uníssonos” e os outros em “oitavas”.
Existem muitas explicações para os nomes das cordas, mas certamente são todos de origem portuguesa: prima e contra prima ou primas; requinta e contra-requinta, ou segundas; turina e contra-turina; toeira e contra-toeira; canotilho e contra-canotilho.
Em diversos trechos de GRANDE SERTÃO:VEREDAS o personagem principal, Riobaldo, fala da viola e vemos que ele conhecia as famosas viola de Queluz (hoje, Conselheiro Lafaiete) município mineiro que chegou a ter l5 fábricas do instrumento. Hoje, existem numerosas fábricas e também lutierias artesanais e alguns desses artesãos se tornaram conhecidos nacionalmente como, por exemplo, Zé Côco do Riachão.
Felizmente este instrumento está voltando a ser pesquisado e, principalmente, tocado em todo o território nacional e, se a Música Popular Brasileira, por sua beleza e criatividade, conquistou o mundo foi, certamente, a Viola Caipira que ajudou a construir esta Música.

Cuíca e Alice


terça-feira, 5 de agosto de 2008

sobre um e-mail

Faço parte de um grupos no yahoo, e um dia desse recebi um e-mail de um rapaz "Ubiratan" dizendo o seguinte:

Em seg, 4/8/08, Ubiratan Campos de Sousa escreveu:

"Divulgamos músicas de estílos vários, incluindo o daCultura Popular. Caso vcs tenham algumas, me enviem pra que eudivulgue. Abraços e felicidades! !!Ubiratan Sousa.
Diariamente, na www.radiowebpaulistana.com.br , das 16 às 20h."

Achei curioso essa historia de rádio na internet, resolvi então um e-mail pro moço dizendo o seguinte:

Em 05/08/08, Aline Reis <alinereisvieira@yahoo.com.br> escreveu

"Ola Ubiratan, tudo bem?
Tenho um grupo no qual temos um trabalho autoral "O Encanta Realejo", gostaria que vc nos ajudasse a divuldar nossoas musicas na sua radio, olha nosso myspace:
http://www.myspace.com/oencantarealejo
vc quer que eu envie algumas musicas por e-mail?
Obrigada
Bjos

Aline"


Ai o rapaz me respondeu assim:

Em ter, 5/8/08, Ubiratan Campos de Sousa escreveu:

"Prezada amiga Aline. Me envia outras, diferentes das que estão no My Space pra eu fazer uma avaliação e possível escolha.Abraços e felicidades!!!Ubiratan Sousa"


Eu fiquei um tanto puta com a resposta, pois achei que fosse mais uns desses caras ficam procurando muziquinha popizinha pra botar na rádio, ai eu pensei, putz até as rádios da internet tá nessa politica de merda que as rádio convencionais tem, ta tudo perdido. Então eu respondi o e-mail do rapaz assim:


Em 06/08/08, Aline Reis escreveu:

"Velho, vai a merda, se vc não entendeu minha musica então ela tb não serve pra tocar na sua "Rádio"."

Eu respondi o e-mail pra ele dessa maneira para provoca-lo, num foi só por arrogancia, queria saber o que ele falaria de nosso trabalho e foi batata, vejam só as coisas que ele falou, achei muiito bacana...

Em qua, 6/8/08, Ubiratan Campos de Sousa escreveu:

"Prezada amiga Aline.Esquecendo e compreendendo a tua agressividade quero te explicar que todos os programas de Rádio tem o seu perfil.Uns trabalham com o Pop Rock , outros com a Mpb, outros com a música instrumental, etc.A isso se dá o nome de "perfil".Eu, como Produtor de Cd, que sou, pude detectar alguns elementos que se souberes aproveitar a minha experiência vais ter algum acréscimo positivo pra que melhores o teu trabalho.Ontem, tive a curiosidade, por questão de respeito ao trabalho dos outros, de procurar no Youtube alguma coisa de vcs.Pude perceber que tem algo voltado pra um trabalho de palco e embora não me sensibilise com a dança esteriotipada da menina com o realejo na mão, achei a intenção, boa...percebi neste trabalho do youtube muitas fragilidades e desejo que vcs melhorem e se puder ajudar em algo específico, conta comigo.Na gravação que ouvi, esquecendo as desafinações da tua voz, ao final das frases ela está baixa, pede pro produtor aumentá-la.O violonista que tocou no Youtube precisa estudar mais tecnica de mão direita pra executar melhor a parte rítimica e num certo momento tem 2 acordes mal empregados...Como vês, estava esperando algo que tivesses, além do My Space(pra eu escolher a música melhor) que eu pudesse executar no Programa pois este não gosta de queimar trabalhos dos outros e se eu executasse o que tá no My Space talvez estivesse expondo vcs de forma não tão legal, compreendes isso?Bom, fico aguardando as tuas manifestações e usei de Sinceridade(algo quase inexistente, hoje em dia) e espero que entendam que a minha intenção e carinho para com vcs do Grupo são os melhores possíveis...Abraços e felicidades!!!Ubiratan Sousa.obs:muitos programadores de Rádios recebem os trabalhos, não gostam e não falam nada construtivo e poem na geladeira não executando..."


E eu então respondi assim:

"Ubiratan, me desculpe pela agressividade, estou um tanto sensível as questões da indústria cultural, sinto que cada vez mais a uma cobrança para entrar nos moldes da industria, quando na verdade não é esta a pretensão, a pretensão é apenas mostrar nosso trabalho sem precisar de recrutamento, entende?
Muito obrigada pelas criticas que já foram muito produtivas, vou repassar ao grupo. Na verdade estamos montando o nosso espetáculo, aquela gravação que você viu no youtube foi uma de nossas primeiras apresentações, gostaria de até propor de você ir em um de nossos ensaios, já está muito diferente do que você viu, gostaria muito de ouvir suas opiniões.
Alem de banda também estamos desenvolvendo um projeto de pesquisa junto à prefeitura pelo programa VAI, estamos convidando alguns grupos de SP que tenham um trabalho autoral para desenvolvermos um documentário.
Mais uma vez peço desculpas pela arrogância, muito obrigada.
Bjos
ALine"






Achei bacana essa troca de e-mail...
É isso
Bjins
Alineeee

segunda-feira, 4 de agosto de 2008